Uma Conversa Aberta sobre Estigma na Saúde Mental
- Danielly Pinotti
- 7 de fev.
- 4 min de leitura
O estigma em torno da saúde mental persiste e perpetua ideias equivocadas, além de impedir a busca por ajuda. A ideia desse artigo é desmistificar preconceitos e incentivar uma conversa franca sobre saúde mental.
O Que É Estigma na Saúde Mental?
O estigma na saúde mental é, de forma bem resumida, um conjunto de crenças negativas e estereótipos que cercam as questões psicológicas, criando barreiras para a compreensão e aceitação. Ou seja, é a reunião de mitos e inverdades que prejudicam o acesso de cuidados.
O resultado do atraso na busca por ferramentas que colaborem para a compreensão e até tratamento de algum acometimento mental é o agravamento de doenças.
Quando o estigma impede a busca precoce por suporte ou tratamento, as condições de saúde mental podem progredir, muitas vezes levando a complicações severas.
Estudos indicam que a demora na intervenção pode aumentar a gravidade dos sintomas, dificultar o tratamento e impactar negativamente a qualidade de vida. Portanto, desfazer o estigma é vital para incentivar a pronta procura por recursos que possam promover a compreensão e o tratamento adequado, prevenindo o agravamento das condições.
Além disso, existem pesquisas que indicam que o estigma pode resultar em taxas de desemprego mais altas para pessoas com doenças mentais, contribuindo para o ciclo de exclusão social. O que é grave.
Mitos Comuns a Serem Derrubados:
"Só pessoas fracas têm problemas mentais."
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que transtornos mentais afetam todas as camadas da sociedade, independentemente da força pessoal. Cerca de 1 em cada 4 pessoas no mundo enfrenta problemas de saúde mental. Ou seja, estamos rodeados - ou provavelmente somos - uma dessas pessoas.
"Buscar ajuda é sinal de fraqueza."
Pesquisas mostram que, em média, as pessoas esperam cerca de 8 a 10 anos após o início dos sintomas antes de procurar ajuda. Ou seja, a gente vive anos achando que é bobeira, porque vivemos numa sociedade que minimiza dores internas. Já passou da hora de entender que buscar suporte é um sinal de autoconhecimento e coragem, não fraqueza.
"Problemas mentais não são reais, são frescura."
Essa mito é um dos grandes motivos para as pessoas não falarem e não lidarem com suas vulnerabilidades. Estudos neurológicos evidenciam alterações físicas no cérebro associadas a condições mentais, isso reforça a natureza concreta e tangível dos problemas mentais.
Ou seja, não é frescura. Todos nós precisamos cuidar da mente. Preferencialmente de maneira preventiva. No entanto, caso existe algum acometimento, que fique claro: ninguém está só.
A Influência do Trabalho na Saúde Mental:
É mais do que necessário avaliar como o ambiente de trabalho contribui para o estigma, atuando na pressão e no estresse. Sendo assim, é importante promover ambientes laborais saudáveis, e não ficar apenas no discurso.
Estudos mostram uma correlação entre condições de trabalho adversas e o aumento dos problemas de saúde mental. Estratégias empresariais centradas no bem-estar podem mitigar esses impactos.
Fatores de Impacto na Saúde Mental:
Não importa se você é empreendedor, empresário ou colaborador, existem fatores que tem um papel de grande impacto na saúde mental, e precisam ser levados muito a sério.
Carga Horária Excessiva: Trabalhar muito pode resultar em fadiga, estresse e falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Isso pode levar a distúrbios do sono, ansiedade e até depressão.
Estudos mostram que profissionais que trabalham regularmente mais de 60 horas por semana têm maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, como esgotamento profissional.
Pressão Constante: Pode desencadear estresse crônico, levando a uma variedade de problemas de saúde mental, como transtornos de ansiedade e síndrome de burnout. Setores altamente competitivos, como finanças, comercial, performance e tecnologia têm altas taxas de problemas de saúde mental devido à pressão constante para atingir metas.
Ambiente Tóxico: Ambientes de trabalho tóxicos, caracterizados por bullying, assédio ou falta de comunicação eficaz, podem ser prejudiciais à saúde mental dos funcionários. E sim, a exposição prolongada a ambientes de trabalho tóxicos está correlacionada com um aumento no risco de transtornos mentais.
Falta de Apoio Emocional: A falta apoio emocional no ambiente de trabalho pode contribuir para sentimentos de isolamento e baixa autoestima. A ausência de uma rede de apoio pode intensificar o impacto de desafios mentais.
Insegurança no Emprego: A incerteza em relação ao emprego pode gerar ansiedade e estresse significativos. Medo de demissão, falta de estabilidade econômica, o famoso medo de não conseguir fechar novos contratos ou conseguir novos clientes, contribuem para problemas de saúde mental Durante períodos de recessão econômica, há um aumento documentado nos casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho.
A “tal” Síndrome de Burnout:
O burnout, caracterizado por exaustão física e mental devido ao estresse crônico no trabalho, está fortemente ligado a fatores como carga horária excessiva e pressão constante.
Estudos mostram um aumento global nos casos de síndrome de burnout, especialmente em profissões que enfrentam altos níveis de demanda e estresse.
Para auxiliar no combate da síndrome e ver melhorias na saúde mental das pessoas que atuam como profissionais, a implementação de políticas de flexibilidade, programas de apoio emocional e gestão do estresse são de extrema importância.
Os Efeitos de uma Conversa Aberta:
Uma conversa aberta sobre saúde mental é crucial para romper com o estigma e promover compreensão, empatia e apoio.
Estudos mostram que a conversa aberta sobre saúde mental reduz a estigmatização e encoraja mais pessoas a procurarem tratamento, melhorando os resultados a longo prazo.
Desmistificar o estigma na saúde mental é um passo crucial para construir uma sociedade mais compreensiva e solidária.
Ao promover uma conversa aberta, podemos criar um ambiente que valoriza o bem-estar mental de maneira íntegra, saindo de conversas superficiais. Só assim é possível acessar pessoas e investir em ferramentas eficazes para tornar o equilíbrio possível.
Chegou a hora da ação
É chegado o momento de ações concretas. Abrir conversa é importante e essa era minha proposta com o artigo. Mas minha proposta, mais do que isso, meu propósito de vida é gerar movimento e ação, dentro e fora do ambiente corporativo. Porque não existem duas vidas (uma profissional e outra pessoal). Existe uma vida, que é impactada por cada situação vivida, tarefas desempenhadas e como sentimos cada coisa. Bora pedir ajuda?Uma Conversa Aberta sobre Estigma na Saúde Mental
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