Saúde mental no trabalho: um cuidado urgente e necessário
- Danielly Pinotti
- 9 de abr.
- 5 min de leitura
Nos últimos anos, saúde mental deixou de ser um tabu para se tornar uma pauta urgente dentro das organizações. Tanto, que surgiu a regulamentação NR-1, que exige aos empregadores que identifiquem e mitiguem riscos que possam gerar transtornos mentais.
A pressão por resultados, jornadas extensas, metas agressivas e a falta de espaço seguro para conversas sobre emoções têm impactado diretamente o bem-estar dos profissionais.
Mas, mais do que oferecer uma palestra pontual ou um mimo no Dia da Saúde Mental, empresas que querem se destacar e crescer de forma sustentável precisam criar ambientes que acolhem, escutam e atuam com responsabilidade emocional.
Neste artigo, vamos explorar por que saúde mental no trabalho não é só uma tendência, mas uma necessidade estratégica, com dados, reflexões e caminhos reais para começar essa transformação.
Por que a saúde mental no trabalho importa tanto?
A rotina profissional ocupa boa parte do nosso tempo e energia. Por isso, o ambiente de trabalho tem um enorme peso sobre o bem-estar das pessoas. Quando ele é hostil, desorganizado ou indiferente às emoções, surgem consequências claras: aumento do adoecimento emocional, afastamentos frequentes, queda de desempenho e perda de talentos.
Em contrapartida, empresas que investem em saúde mental constroem times mais engajados, criativos e colaborativos. Elas entendem que pessoas saudáveis emocionalmente tomam decisões melhores, lidam com conflitos de forma mais madura e se sentem mais pertencentes.
Mais do que oferecer um benefício, cuidar da saúde mental no trabalho é uma forma de dizer, na prática, que cada pessoa importa. Não só pelo que entrega, mas pelo que sente, vive e atravessa.
Quais os impactos da falta de cuidado com a saúde mental nas empresas?
Ignorar a saúde mental dos colaboradores tem custo (humano e financeiro). E os números não deixam dúvidas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e os transtornos de ansiedade custam à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade.
Só no Brasil, mais de 576 mil pessoas foram afastadas do trabalho em 2023 por transtornos mentais e comportamentais, de acordo com o INSS.
Além disso, um estudo da Mind Share Partners, em parceria com a SAP e a Harvard Business Review, revelou que 76% dos trabalhadores relataram pelo menos um sintoma de saúde mental no último ano, e que manifestações de burnout aumentaram significativamente após a pandemia.
Esses dados escancaram um fato importante: a saúde mental não é um luxo ou benefício – é uma necessidade básica dentro de qualquer cultura organizacional que se pretenda sustentável e saudável.
Saúde mental e performance andam juntas
Ao contrário do que muitos imaginam, falar sobre saúde mental nas empresas não reduz a produtividade, muito pelo contrário. A escuta, o acolhimento e o incentivo a práticas de bem-estar contribuem para uma equipe mais presente, colaborativa e inovadora.
Um estudo da Deloitte aponta que cada £1 (euro) investido em ações de saúde mental retorna £5 (euros) em ganhos de produtividade, retenção de talentos e redução de afastamentos. Isso representa um ROI de 500%.
A mesma pesquisa mostra que empresas que adotam programas contínuos de saúde mental percebem melhorias em:
Engajamento da equipe
Comunicação entre times
Clima organizacional
Redução de turnover
Cultura de confiança
Ou seja: cuidar da saúde mental é uma forma inteligente de aumentar performance sem esgotamento.
Quais sinais merecem atenção dentro das equipes?
Nem sempre o sofrimento emocional é explícito. Muitas vezes, ele aparece disfarçado de cansaço, baixa produtividade, irritabilidade ou até ausência de envolvimento com o time.
Por isso, é importante observar comportamentos repetidos, mudanças bruscas e até silêncios prolongados.
Entre os sinais que mais aparecem no dia a dia estão:
Procrastinação constante
Dificuldade de concentração
Conflitos frequentes com colegas
Faltas ou atrasos sem justificativa clara
Desmotivação aparente
Isolamento durante o expediente
Esses sinais não indicam, por si só, um problema. Mas são alertas de que algo pode estar desalinhado. E quando há espaço para diálogo, acolhimento e escuta, é possível entender o que está por trás desses comportamentos, e agir antes que o sofrimento se agrave.
Do discurso à prática: como começar a transformação
Muitas empresas já entenderam a importância do tema, mas ainda não sabem por onde começar. E o maior erro aqui é cair em soluções rasas ou generalistas, como palestras motivacionais que não se conectam com a realidade do time.
A mudança real começa com espaço para conversas sinceras e o reconhecimento de que cada equipe tem uma realidade emocional própria. E é justamente por isso que as propostas que desenvolvo para empresas são construídas de forma personalizada, a partir do contexto e das necessidades do time.
Entre as ações mais eficazes estão:
Roda de conversas mediadas sobre emoções e comunicação
Oficinas de autoconhecimento e escuta ativa
Ações educativas sobre saúde emocional, com linguagem acessível
Programas de cuidado contínuo (mensais ou sazonais)
Imersões práticas, que não romantizam soluções e respeitam os limites reais do trabalho
Importante lembrar: nem sempre o ambiente corporativo será ideal para atividades longas ou profundas, e tudo bem. O conteúdo que levo pode ser adaptado para reuniões, eventos internos, formatos online e híbridos. O mais importante é criar um espaço seguro e constante de acolhimento, escuta e autonomia emocional.
Como criar uma cultura de cuidado real e contínuo
Para além de campanhas pontuais, o cuidado com a saúde mental no trabalho precisa ser sustentado no tempo. Isso só é possível quando a empresa valoriza o diálogo, reconhece que o emocional influencia os resultados e constrói, com suas pessoas, soluções alinhadas à rotina real.
A cultura de cuidado começa nas lideranças, mas não para nelas. É preciso envolver todos: RH, equipes operacionais, administrativo, diretoria. O bem-estar emocional deve ser parte da estratégia, e não um extra. E quando essa cultura é nutrida, ela se torna um diferencial verdadeiro, tanto para quem está dentro da empresa quanto para quem está de fora observando.
A cultura de saúde mental começa com quem decide
É comum que ações de saúde mental fiquem restritas ao RH ou aos líderes imediatos, mas para que haja uma real mudança, o envolvimento precisa vir também dos tomadores de decisão.
Quando a liderança se posiciona de forma aberta, comprometida e vulnerável, ela inspira toda a equipe a fazer o mesmo. Isso cria uma cultura onde o erro não é punido com silêncio, mas acolhido com escuta e aprendizado.
A saúde mental no trabalho não se resolve com um evento no calendário, mas com uma postura cotidiana de cuidado, escuta e responsabilização coletiva.
Prevenção sim, mas cuidado genuíno também
Saúde mental no trabalho não é só sobre evitar o burnout, é sobre permitir que pessoas se reconheçam, se sintam vistas e possam trabalhar com mais sentido, autonomia e qualidade de vida.
Empresas que investem nisso colhem times mais engajados, criativos, leais e produtivos. Por isso, mais do que uma tendência, essa é uma urgência.
Se esse conteúdo fez sentido pra você, aproveite para continuar explorando o blog. Aqui você encontra outros artigos que aprofundam esse e outros temas relacionados ao bem-estar emocional, autoconhecimento e saúde nas organizações.
E se você acredita que sua empresa pode dar um passo real em direção ao cuidado, entre em contato. Juntos, podemos construir uma proposta feita sob medida para o seu time. 💛
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