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Como respeitar o próprio ritmo em um mundo que "só" precisa da sua produtividade?

Respeitar o próprio ritmo. Olha como a frase soa bem, né? Uma frase digna de cursos, livros, compartilhada em posts motivacionais e campanhas corporativas. Mas sejamos sinceros: quantos de nós realmente acreditamos - e de fato aplicamos - no dia a dia?

Enquanto você lê este artigo, talvez esteja pensando: "Na teoria, essa coisa de respeitar o próprio ritmo é bem legal, mas eu tenho um chefe que acha que dormir é perda de tempo" ou "Isso não funciona no meu setor; produtividade é o que importa".

Mas será que é só isso? Será que - de alguma forma - nós (e o ambiente em que estamos inseridos) também não contribuimos para o problema? Se você chegou até aqui, prometo que vai valer a pena refletir. 

Neste artigo trago diferentes contextos e a importância de observar atentamente cada um deles, sempre trazendo contrapontos sobre como aplicar o respeito ao "próprio" ritmo quando o mundo só precisa que você seja produtivo.

A verdade é que, mesmo nesse ambiente acelerado, não respeitar seus próprios limites tem um custo: físico, mental e, paradoxalmente, produtivo.


1️⃣ Eu? Tóxico? O papel da liderança que "só está fazendo seu trabalho"

Se você lidera uma equipe, muita gente (ou a sua empresa) espera que você entregue resultados. De forma geral, pressões "de cima" são repassadas "para baixo", e “respeitar o ritmo” da equipe muitas vezes parece impossível.

Agora, vamos falar sobre dois tipos de líderes:


  • O líder tóxico: aquele que acha que o mundo gira em torno das metas. Manda mensagens fora do horário de expediente, exige entregas para ontem e considera pausas sinal de fraqueza.

  • O líder empático: aquele que busca resultados, mas reconhece que pessoas não são máquinas. Aquele que se pergunta como incentivar pausas e autocuidado quando também está lutando para cumprir prazos e filtrando as pressões.


Um estudo da Gallup revelou que equipes lideradas por gestores empáticos têm 23% menos risco de burnout. Quando o foco não está apenas no desempenho, mas no bem-estar, todos saem ganhando. Reuniões mais curtas, momentos para checar o clima da equipe e equilíbrio entre demandas podem fazer mais pelo engajamento do time do que a cobrança constante.

Se você lidera, reflita: o ambiente ao seu redor reflete confiança e segurança, ou sua equipe suspira de alívio quando você não está?


2️⃣ Presos na ideia "Mas eu não tenho opção"

Agora aqueles que estão na mesma empresa há anos, odiando cada segundo, porém, "não tem opção", por necessidade, medo ou falta de alternativas. Muitas vezes, o peso é tão grande que sequer sobra energia para buscar uma solução.

Muitos contam os minutos para ir embora (ou finalizar as incontáveis reuniões e demandas), mesmo sabendo que provavelmente trabalhará tempo extra. Aqui, é possível que essas pessoas pensem que respeitar o ritmo é para quem tem "privilégio".

Não é fácil respeitar o próprio ritmo quando a realidade inclui chefes abusivos, cargas de trabalho excessivas e poucas opções de mudança.

Afinal, como colocar limites sem arriscar sua posição ou rendimento?

Em qualquer situação, respeitar o ritmo não é só sobre privilégio, mas sobre reconhecer nossos limites dentro do que é possível. Em contextos adversos, pequenas ações podem fazer diferença: um momento para respirar, buscar apoio ou até mesmo desabafar com alguém de confiança. Não resolve tudo, mas pode ser um primeiro passo.

Para quem lidera, a responsabilidade é dupla: criar espaços onde o diálogo sobre saúde mental seja possível e lembrar que, antes de números, a liderança é de pessoas.

Obersvação importante: Não é sobre pedir demissão amanhã (ninguém quer ser irresponsável). Mas é sobre questionar: "Por que aceito ser tratado assim?"

Pequenas estratégias podem fazer diferença enquanto se planeja uma saída a médio ou longo prazo. Práticas como delegar tarefas (quando possível), priorizar ações importantes e criar micro momentos de pausa durante o dia ajudam a preservar a saúde mental. 

Nem sempre dá para mudar o ambiente, mas é possível buscar apoio emocional fora dele — com amigos, terapia ou até grupos de apoio online (não duvide, muita gente passa por isso - dê a mão para alguém).

3️⃣ Falta de consciência: aqueles que nem percebem

É importante falar também de quem acha que tudo isso é "frescura", porque trabalham por conta, ou por simplesmente não verem a gravidade disso tudo. Talvez, essas pessoas podem pensar: "Eu trabalho 12 horas por dia, não tenho tempo para crise existencial". ou "Eu sou meu próprio chefe, não me venha com essa de respeito ao ritmo."

A boa notícia é que você está funcionando. A má notícia? Isso tem prazo de validade. O esgotamento vem, quer você acredite ou não.

Trabalhar por conta própria muitas vezes significa ser refém de si mesmo. Não há chefe para pressionar, mas o burnout pode vir da autocobrança e da necessidade constante de estar disponível.

Mas como respeitar seu ritmo quando o medo de perder clientes ou o emprego bate à porta?

Definir regras é muito importante, independente do ambiente em que estamos inseridos. Estabelecer limites claros com clientes (e liderança), como horários de atendimento ou dias para ficar offline. E lembre-se: produtividade não é apenas sobre fazer mais, mas sobre fazer melhor (com mais qualidade - de tempo e mental)

Adaptação: o respeito ao ritmo não vem com fórmula pronta

No fim das contas, respeitar o próprio ritmo é mais uma jornada do que um objetivo final. Nem sempre será possível desacelerar, e está tudo bem. O importante é saber reconhecer os sinais de alerta e agir no que está ao seu alcance.

Se você lidera, lembre-se de que o bem-estar da sua equipe reflete no desempenho dela. Se está preso em um ciclo tóxico, procure construir saídas, mesmo que lentamente. E se sente que isso não é para você, apenas considere: até quando é sustentável viver no limite?

O mundo pode até precisar da sua produtividade, mas você precisa de saúde para produzi-la. O caminho não é simples, mas ele começa com uma pergunta: “O que eu posso fazer por mim hoje, dentro da minha realidade?”

Sabe aquela sensação de que algo está errado, mas você finge que é normal? É hora de parar de fingir. Respeitar o ritmo não significa ignorar responsabilidades ou "fazer corpo mole". É um convite para repensar a relação entre produtividade e saúde. Agir paliativamente para evitar um futuro - grande - problema.

Se você é líder, liderar pelo exemplo é o começo. Se está preso, reconheça os limites e busque apoio onde for possível. E se acha tudo isso besteira, eu só espero que o custo dessa visão de mundo não venha tarde demais.

Está difícil? Não precisa ser sozinho. Vamos conversar sobre como encontrar caminhos, mesmo em cenários desafiadores. Compartilhe sua experiência — ela pode ser o ponto de partida para algo maior.

 
 
 

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