Caminho espiritual: viva sua própria experiência
- Danielly Pinotti
- 26 de mar. de 2024
- 4 min de leitura
Certa vez li sobre um ensinamento que me ajudou muito, e de maneira definitiva na busca do “eu”. Ele vem do Budismo, e é a base para começarmos um processo de compreensão profunda sobre nós!
O Budismo é um caminho espiritual que surgiu há mais de 2.500 anos, também chamado de caminho interior que leva a iluminação. Que é a busca pela experiência própria e o encontro com uma sabedoria profunda da vida e da existência.
Às vezes nos sentimos perdidos e não conseguimos definir um caminho próprio. Tentamos buscar respostas em religiões, pessoas, remédios, relacionamentos, trabalho, e esquecemos que para a maioria das nossas dores, aflições, dúvidas e descobertas, elas estão dentro de nós mesmos.
Cada um com a sua crença e necessidade, é claro, uma coisa não precisa anular a outra. A jornada da espiritualidade é intensa e o único caminho que existe é o seu.
Caminho espiritual: O ensinamento das 4 nobres verdades
1. Existe sofrimento
A primeira nobre verdade é que o sofrimento nos rodeia e possui participação através de diferentes formas em nossas vidas: física, psicológica, através de perdas, desentendimentos, apego, necessidade de controle e até revolta pela própria vida (crise existencial, depressão, etc);
Primeiro passo: entender que a felicidade e o sofrimento são impermanentes e tomar consciência de que o sofrimento permeia.
Esse reconhecimento é um tanto severo, porém, é o primeiro estágio para encontrarmos uma solução e uma forma de nos remediar sobre falsas expectativas e nossa tendência de buscar prazeres passageiros, que costumam nos causar decepções.
2. A dor tem causa:
A dor é causada pelo apego de querer continuar a existir nessa vida volátil e em se agarrar nela sem cuidado. Toda dor tem um causa, e sua origem vem da nossa mente, pois é como um impulso dentro de nós, que desencadeia um sofrimento.
Buda já dizia: “A mente antecede todos os fenômenos, a mente os domina e os cria”.
3. O sofrimento acaba
Esse sentimento acaba quando o falso ego e a causa se extinguem. É um trabalho contínuo de não alimentar o que causa o sofrimento para que ele não cresça dentro de nós.
Se conseguirmos eliminar a causa, ele vai desaparecer e chegaremos ao “Nirvana” (Nir – “não estar ” | Vana – “cordão” = “Não estar preso ao cordão”), que é o desapego total e a libertação do sofrimento mundano. Estar aqui, sem apego ao aqui, no sentido de realização profunda. O Nirvana é um estado de mérito e para alcançá-lo, a prática da meditação pode ajudar.
A meditação é um processo individual e cada pessoa reage no seu tempo.
4. Existe um caminho
A última nobre verdade, também conhecida como “Caminho do Meio Termo”, é a que nos conduz à cessação do sofrimento através do meio termo, em que evitamos os extremos: como a busca pela felicidade através dos prazeres do sentido e o outro pela mortificação e sofrimento extremo.
Ou seja, caminhar entre os pontos positivo e negativo, nem muito frio e nem muito quente.
Essa última verdade também é chamada de “Caminho Óctuplo”. São 8 práticas baseadas na moderação e na harmonia, que devemos tomar consciência para uma vida mais plena:
Caminho das oito práticas:
Pensamento correto:
Guiar nossos pensamentos é fundamental, assim como as palavras, o pensamento possui grande poder sobre a vida. Aquilo que pensamos, nos tornamos. O pensamento pode servir como medicina e um ponto de sabedoria. Desenvolver a renúncia e nobres qualidades, não ter má vontade em relação aos outros, e acima de tudo, não querer causar o mal (nem em pensamento).
Ação correta:
Aquela história de plantar para colher encaixa-se perfeitamente aqui. A forma como vivemos, nos alimentamos, ou nos relacionamos está totalmente ligada a essa prática. Devemos nos abster de machucar alguém, de tomar aquilo que não nos for dado, de ter uma conduta sexual imprópria (que tem ligação direta com o 1º elemento do Yoga, item 4 que falamos neste post) e nossa relação com o mundo e como respondemos à ele.
Meio de vida correto:
Encontrar um modo de vida equilibrado sobre nossos hábitos e costumes, analisar nosso comportamento diante do mundo, sem esbanjar ou se agarrar a bens materiais, e que não cause mal a outros seres. Essa prática envolve ter uma profissão que não esteja em desacordo com os princípios, que não faça mal em seu exercício e tenha um sentido a quem o faça.
Fala correta:
Buscar uma comunicação verdadeira, abstendo-se de mentiras, falas em vão, palavras ásperas ou caluniosas. Uma fala construtiva, harmoniosa e conciliadora.
Esforço correto:
Falamos sobre a importância do esforço neste post. Essa prática é a aplicação da nossa vontade em seguir e analisar se nosso esforço é competente ou deficiente, e nos ajudará a superar obstáculos. Devemos lembrar sempre de seguir o Caminho do Meio Termo para atingir resultados nas práticas.
Atenção correta:
Essa prática está relacionada ao desenvolvimento da completa consciência de todas as ações do corpo e nossos sentidos. Devemos olhar para nossas sensações, percepções, corpo e tudo que a mente cria para evitar atos inconscientes e “loucos”, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas, inclusive da nossa própria natureza.
Concentração correta:
Devemos nos atentar em observar atentamente os acontecimentos ao nosso redor, reconhecer e identificá-los. Trata-se de um complemento da prática de atenção, em que devemos assimilar este espaço, seja através da meditação ou de qualquer forma que possamos encontrar para isso.
Compreensão correta:
Entender as coisas como elas realmente são e assimilar as 4 nobres verdades na teoria e na prática. Filtrar o que nos é dito, aprender o poder da palavra e do pensamento, e seguir aquilo que acreditamos.
Espero que esse ensinamento nos ajude a seguir na busca pelo autoconhecimento e a criar consciência sobre cada ação, pensamento e fala da nossa vida.
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