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A cultura da performance constante: a culpa entre produzir e ter saúde mental

Estamos inseridos em um "nova cultura" em que a produtividade é exaltada como a maior das virtudes. Ser “multitarefa”, entregar sempre mais e se superar constantemente são valores que parecem estar gravados em nossas rotinas. Mas, até que ponto isso impacta nossa saúde mental e nosso bem-estar?

Segundo um estudo publicado pela Universidade de Stanford, há um limite para a produtividade humana: trabalhar mais de 50 horas por semana, por exemplo, pode ser contraproducente, onde após esse ponto, a produtividade cai drasticamente. Apesar disso, muitos de nós carregamos a ideia de que devemos estar performar a todo custo, seja no trabalho, na vida pessoal ou até mesmo nos momentos de lazer.

Essa mentalidade pode nos levar à exaustão, ao esgotamento e à perda de conexão com o que realmente importa. E isso não se limita ao ambiente de trabalho: a cultura da performance constante se infiltra em nossos hobbies, em como praticamos exercícios e até mesmo em como vivemos a maternidade ou paternidade.

Desacelerar o ritmo: seria esse um sonho impossível?

Seria mentira dizer que conseguimos desacelerar facilmente. Durante anos, a narrativa de que é preciso estar sempre "no ritmo" para se destacar foi enraizada em nossa cultura. Eu já tinha consciência de que não basta disciplina para manter a constância, mas a chegada da maternidade e outras demandas da vida me mostraram escancaradamente que as 24 horas do dia não são iguais para "todo mundo". 

Além disso, não é sobre o tempo ou a intensidade em que fazemos as coisas, mas sobre como nos sentimos ao fazê-las. E, principalmente, que a busca por alta performance em todos os âmbitos pode ser, na verdade, uma armadilha perigosa.

Estudos recentes nos ajudam a entender os efeitos dessa pressão constante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout é um dos principais efeitos colaterais do excesso de trabalho e estresse. Ele surge, muitas vezes, da crença de que precisamos performar o tempo inteiro. A Harvard Business Review apontou que profissionais que vivem sob pressão constante tendem a ser menos criativos e mais propensos a erros, mesmo quando trabalham mais horas. Isso não só prejudica os resultados no curto prazo, mas também afeta o bem-estar de forma duradoura.

Mercado de trabalho: a cultura da performance

No LinkedIn, não é raro ver postagens que exaltam rotinas exaustivas como sinônimo de sucesso. Termos como "hustle culture" e a glamourização do esgotamento pintam um quadro em que descansar é tratado como fracasso.

Mas a verdade é que empresas inovadoras, como Google e Basecamp, têm mostrado o contrário: profissionais que encontram equilíbrio entre trabalho e vida pessoal entregam mais resultados e com mais qualidade.

Esse dilema é especialmente relevante em um mercado que valoriza habilidades humanas como criatividade, empatia e resolução de problemas. Todas essas competências só prosperam em ambientes que promovem pausas intencionais e férias verdadeiras — não apenas um descanso rápido para voltar a um ciclo desgastante.

E a neurociência, o que diz?

Pesquisas em neurociência reforçam que é justamente nos momentos de pausa que o cérebro processa ideias criativas e consolida memórias. A pressão constante para performar nos coloca em "modo automático" e prejudica nossa capacidade de inovar e resolver problemas. 

Ou seja, desacelerar não é apenas uma escolha de saúde, mas também uma estratégia de produtividade inteligente.

Chega de competir com você mesmo

A reflexão que trago aqui é: até onde precisamos ir para sermos "suficientes"? Em algum momento, decidi parar de competir comigo mesma. 

Não preciso de um pace mais rápido na corrida, nem de treinos extenuantes na academia, se isso significa comprometer meu bem-estar.

Entrego meu melhor quando posso e dentro do meu limite. E isso não é menos valioso do que atingir metas impossíveis.

E no Mercado? Como Mudar Essa Mentalidade?

Empresas e profissionais precisam urgentemente ressignificar a ideia de sucesso. Algumas práticas para lideranças e organizações envolvem:


  • Incentivo de pausas intencionais: intervalos planejados e respeitados aumentam a produtividade e reduzem o estresse.

  • Redefinição de sucesso: a qualidade de entregas deve ser priorizada sobre quantidade de horas dedicadas.

  • Líderes como exemplo: líderes que investem no próprio desenvolvimento pessoal incentivam equipes a fazerem o mesmo. 

  • Criação de espaço para conversas: falar sobre saúde mental abertamente é fundamental para mudar culturas organizacionais.


O caminho da consciência

Abandonar a obsessão pela performance constante não significa abrir mão de crescimento ou ambição, mas sim abraçar um ritmo que seja mais humano e sustentável. 

No mercado de trabalho, não precisamos ser máquinas — e, mesmo em um mundo guiado por automação, é justamente nossa humanidade que nos torna únicos e valiosos.

E você? Como tem equilibrado produtividade e saúde mental no seu dia a dia? Compartilhe suas ideias e vamos construir uma nova narrativa juntos!

 
 
 

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